Joias de diamante do drill africano

“Vamos na Fé” de Preto Show e “Correria”, de Cage One e Elisabeth Ventura, são joias de diamante do drill africano. 

ABV 

São jóias musicais porque acrescentam ao Rap nacional rítmos bem conseguidos, naturalmente com as cadências e solos tocados pela grande influência de Pop Smok, mas acrescentando com autoridade criativa os seus próprios conceitos de músicas mais festeiras.   

Na canção “Correria”, os produtores colocaram o Anderson Mário e  Button Rose no refrão de um canto pujante de dor, na verdade sem perderem a matriz de ruptura do Rap e tirando o lado estridente.  São duas canções mais musicadas como sempre foi o desejo de Pop Smoke pela influência da mãe Janaicana, corista e o pai nigeriano, baterista.  

Na canção “Vamos na fé”, os produtores colocaram Delero King e Russo K no recital, faze-no soltos e com boa fluídez. As duas métricas são fluídas e concorrem para a exibição da arte do recital da “poesia das esquinas”, têm os elementos discursivos, de verbos duros e inseridos na letra de forma articulada, sem gaguez ou dificuldades nos acordes vocais quando percorrem o recital das estrofes.  

A jovem Elisabeth Ventura pode ter conseguido a actuação da sua vida, que flow,  actuação carregada de excelência, melhor dizer de nível mundial, colocando-a no mesmo plano da raper Oprah, costa-marfinense que é já uma das estrelas mais cintilantes do continente. Fivio Foreign deveria colocar na sua produção a participação das rainhas, sua experiência criativa ficaria muito mais intocável e teríamos um hit que estaria no top das tendências do hip hop, aliás uma arte que comemora os seus 50 anos de existência [11 agosto de 1973]. 

Ao establecermos um paralelo com o drill costa marfinense, onde estão no limbo os chefes das placas Didi B e Jr La Melo, na verdade sendo o primeiro nome um dos mais aplaudidos no continente africano pela genialidade de mistura de rítmos dançantes, a nossa corrente vulgo “broka” mantem o seu lado peculiar, em busca de nossa ambiência  e o retrato das urbes e placas, lugares de exibição e de longas tertúlias onde os jovens são inventivos e duros na visão sobre os problemas locais e do mundo. 

Nada dessa genialidade seria atingida sem a maturidade dos dois filósofos e criadores: Preto Show [recomendo a leitura da sua entrevista no site] e Cage One, pois imagino os seus delirios durante o esculpir das jóias de diamantes que são hinos, são refúgio anímico dos fãs num momento cinzento da economia. 

É bom que todos os cidadãos entendam que o Drill, a sua génese coloca esses grupos na ponta da desconstrução das políticas, eles são por natureza “ousados” porque não escondem as suas origens ou vivências sociais.  

Essas duas canções são postais obrigatórios da  força do drill angolano, são as canções mais passadas nas plalysts da música angolana da FMAFRO. 

ABV 

Director de Conteúdos 

FMAFRO 

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